Como calcular a pensão alimentícia? Guia prático
Como calcular a pensão alimentícia?
Você sabia que não existe um valor fixo nem percentual definido em Lei para calcular a pensão alimentícia? É um mito.
Quem define o percentual é o juiz, de acordo com as provas de cada caso e de acordo com a possibilidade e a necessidade.
Vamos entender o passo a passo para se chegar no valor justo:
A pensão alimentícia visa suprir as necessidades básicas do filho: engloba alimentação, educação, vestuário, saúde, moradia, transporte etc. Todas as necessidades do menor estão inclusas.
Quem paga a pensão alimentícia?
É normal que após a separação um dos pais assuma a guarda dos filhos. Quando isso acontece, aquele que não fica com a criança tem o dever de colaborar no sustento do filho.
Como saber o percentual da pensão alimentícia?
Primeiro, você precisa fazer uma lista das necessidades da criança: fraldas, escolinha, alimentação, vestuário, material escolar, plano de saúde…
Depois, se o alimentante tiver renda, compreender quais as possibilidades de contribuir que ele possui (tem outro filho? paga contas? que tipo de despesas possui?)
Dessa forma procura-se um equilíbrio para atender as necessidades do filho E ao mesmo tempo sem comprometer o sustento do alimentante.
É o famoso binômio necessidade x possibilidade.
O percentual da pensão alimentícia pode variar: 15%, 20%, 30% ou mais sobre a renda do alimentante.
Ainda, você pode prever que além do valor descontado em folha ou depositado em conta o alimentante pague a escolinha, a van do transporte ou outra necessidade do filho – isso é muito comum em acordos.
Assim, quanto maiores as necessidades do filho e maiores as possibilidades do alimentante, maior será o percentual.
Exemplo: Um pai separado que recebe R$ 1.500,00 e tem um único filho que mora com a mãe – que vive de aluguel, paga contas da casa e da criança sozinha: o valor será ajustado de 30% a 40% com desconto em folha do alimentante, se estiver empregado.
Mas, perceba: é muito importante saber se há algum gasto extra:
Se o pai comprovar que tem gastos extraordinários (empréstimo ou dívidas);
Se o menor possui necessidades extraordinárias (problema de saúde, alergias etc);
O valor poderá aumentar ou diminuir.
E se o filho tiver necessidade especial?
É o que chamamos de necessidade extraordinária, como: remédios, alimentos especiais por ter alergia, uso de bombinha para asma etc.
Nesse caso a necessidade extraordinária do filho justifica um acréscimo de valor.
Então a análise de cada caso é fundamental para garantir o valor correto da pensão alimentícia, certo?
Como fica a pensão alimentícia com pai desempregado ou autônomo?
A regra é a mesma, o valor da pensão incidirá sobre as possibilidades que ele possa contribuir, fixando o percentual sobre o salário-mínimo.
Mesmo se não estiver trabalhando, tem que contribuir, pois o menor continua comendo e estudando, certo? As necessidades da criança não acabam.
Necessidade x possibilidade na prática:
Percebeu como tudo depende da análise do seu caso e das provas?
Por isso a participação de um advogado experiente é fundamental para você não deixar os direitos do menor de lado:
- A mãe que está com a guarda mora de aluguel? Paga conta de água, luz e outras despesas?
- A criança está em escolinha, necessita de material escolar ou tem necessidade especial?
- O pai é autônomo ou tem carteira assinada? Tem outros filhos? Ele tem veículo próprio? Casa própria?
Essas são algumas perguntas que nos levam a definir o percentual justo para cada situação.
Portanto, pense duas vezes antes de sair por ai dizendo que é 30% e ponto final, pois não é bem assim.
O percentual será definido pelo juiz e somente após análise das provas da necessidade da criança.
Outra possibilidade é fazer um acordo em escritório com o mesmo advogado representando os dois genitores, evitando um processo que pode demorar.
Como aumentar o valor da pensão alimentícia?
É fundamental comprovar necessidades extraordinárias da criança.
Sabemos que a criança se alimenta, se veste e estuda, mas algumas crianças precisam de medicamentos, aparelho ortodôntico ou frequentam cursinho particular.
Essa necessidade extraordinária, sendo comprovada pode gerar o aumento da pensão!
Então fique ligado, pois você poderá conseguir o aumento do valor da pensão através de uma ação de revisão de alimentos e garantir o desenvolvimento da criança.
Outro ponto que pode aumentar a pensão alimentícia é o aumento da possibilidade do alimentante. Se o pai está em um emprego novo, se ganha mais ou qualquer outro fator que gere o aumento da capacidade financeira.
Como diminuir o valor da pensão alimentícia?
Precisará comprovar situação excepcional: perda do emprego, abalo econômico por alguma tragédia, endividamento, nascimento de outro filho etc.
É possível diminuir o valor da pensão, mas não é tão simples, são poucos casos que conseguem a redução do percentual logo de cara, então você vai precisar de todos os comprovantes, combinado?
Como pedir pensão alimentícia?
Você tem duas opções: não vale o acordo de boca, certo? Ele não te garante nada perante o juiz.
a) Entrar com um processo para fixar os alimentos:
– Você deverá estar representado (a) por advogado ou defensor público, pois sem a assinatura do juiz você não pode cobrar o pagamento da pensão nas datas certas;
b) Fazer um acordo em escritório de advocacia:
– Esse acordo pode ser entre um advogado do pai e outro da mãe OU com os mesmos advogados.
Quais as vantagens do acordo de pensão alimentícia?
Você poderá incluir outras necessidades do filho que não são previstas no processo: como pagar plano de saúde, pagar o transporte do filho, a escolinha…
Além disso, o processo pode demorar muito mais tempo, com audiências e burocracias e você não quer esperar muito tempo, certo?
Um bom escritório também pode te ajudar a acelerar esse processo, então priorize quem sabe o que faz para seu processo não ficar parado.
A Defensoria Pública demora?
Sim, demora bastante. O tempo de espera pode levar mais de 2 meses em algumas localidades E até lá, você pode ficar alguns meses sem receber.
Por tanto, as vezes sai até mais em conta você contratar um advogado para poder receber, aumentar ou diminuir a pensão com mais agilidade, ganhando tempo e se estressando muito menos.
Como fazer petição inicial de pensão alimentícia?
Junte muitos comprovantes. É uma dica simples, mas que faz toda a diferença.
– Se apegue em contas, extratos de cartão, notas fiscais, tudo o que tiver.
Acredite, faz a diferença.
Faça também uma listinha das necessidades do filho ou das possibilidades do alimentante, isso também ajuda muito para o êxito do seu processo.
Quais os documentos para pedir pensão alimentícia?
Documentos pessoais do representante legal e do filho;
Comprovante de residência do representante;
Comprovantes de despesas com a criança e com a casa;
Laudo médico se houver necessidade especial;
Nome, qualificação, endereço e quanto ganha o alimentante;
Conversas de whats app e número do alimentante para citação virtual;
Duas a três testemunhas: nome, endereço, telefone, RG e CPF;
Tabela para pensão alimentícia:
Elaborar a tabela para pensão alimentícia é fundamental para demonstrar as necessidades ou as possibilidades em cada caso:
Deve conter gastos com alimentação (supermercado e compras), medicamentos, contas da casa (água, luz, internet), roupas e calçados da criança, educação, material escolar, plano de saúde ou medicamentos…
Quanto mais completa for a tabela de pensão alimentícia, melhor.
VAMOS PRA PRÁTICA: Como calcular a pensão alimentícia?
- Alimentante com carteira assinada e que percebe R$ 2.000,00 mensais.
- Tem dois filhos morando com a mãe, que reside na casa de familiares.
A mãe recebe ajuda de parentes para cuidar das crianças, uma com 02 anos e outra com 06 anos e entra com processo de alimentos. O pai nunca ajudou, mas a sentença do juiz determinou a expedição de ofício ao empregador para desconto em folha. Nesse caso, como são duas crianças, provavelmente o percentual de 40% seria razoável, chegando em um valor aproximado de R$ 800,00 de pensão.
E se o alimentante não tiver condições de pagar?
- O juiz pode fixar sobre o salário-mínimo;
- Se o alimentante estiver impossibilitado (preso, alcoólatra, drogado) outros parentes podem pagar a pensão (avós e irmãos).
E se a pensão alimentícia atrasar, o que fazer?
Você precisará entrar com uma ação de cumprimento de sentença ou de execução de alimentos para que o juiz obrigue ele a pagar, com os atrasados.
Até que idade pagar pensão alimentícia?
Essa é uma dúvida muito comum e você precisa saber que a pensão alimentícia não é cancelada automaticamente. Não basta seu filho fazer 18 anos, ok?
É necessária uma ação de exoneração de alimentos, devendo provar que o filho não tem mais necessidades, veja algumas possibilidades:
– Casou e tem família própria;
– Trabalha e se sustenta sozinho;
– Saiu da casa da mãe e não estuda;
– Não cursa nem deseja cursar faculdade ou técnico;
Percebeu que não é tão simples assim pedir pensão alimentícia?
O ideal é analisar cada caso e as provas, garantir sempre um valor justo ao seu filho.
Se você é pai e quer pagar o valor justa da pensão alimentícia vai precisar saber que pode diminuir o valor ou ajustar à sua realidade, mas se deixar de pagar pode ser preso, por que atrasar pensão alimentícia dá cadeia.
Lembre-se! pensão alimentícia é um direito da criança e um dever de ambos os pais, por isso é muito importante manter o valor justo.